Corrupção no Brasil, um pouquinho dessa “história”
A ideia aqui é fazer um breve resgate histórico para tentarmos entender melhor o contexto corruptivo no Brasil, mas é preciso muito cuidado quanto a interpretação expansiva para não buscarmos justificativa para o nível de corrupção que temos nos tempos atuais como se ela fosse uma característica antropológica.
No Brasil, encontramos raízes históricas da corrupção no período colonial que diante da ausência de um projeto de nação e da dificuldade de povoar o território. Aqueles que aportavam no Brasil constituíam uma espécie de privatização do patrimônio do rei onde em seu nome assumia o compromisso de assegurar os interesses de Portugal, porém, eram desprovidos de qualquer comprometimento moral e ideológico perante a sociedade, agindo como verdadeiros donos dos recursos encontrados no território sob seu poder, apropriando-se deste patrimônio público e do enriquecimento pessoal através deste.
Tamanha era a confusão e praticamente impossível a distinção entre o que era patrimônio público e privado tendo perdurado no Brasil mesmo após a Independência, a Proclamação da República e a instituição do sistema sociopolítico.
O governo da primeira república do Brasil era tão semelhante ao império, que a população considerava este sistema como déspota e oligárquico pois não promoviam o bem comum. A era Vargas foi marcada pelo descontentamento devido à ausência de moralidade e postura individuais dos políticos, que eram ainda maiores que as épocas anteriores. Mesmo na era da República Populista, já no Governo de Juscelino Kubistschek, havia resquícios do “Varguismo” quanto ao mau uso da máquina pública. A construção de Brasília e a realização de grandes obras foi marcada por denúncias da oposição quanto ao superfaturamento e favorecimento de empreiteiras ligadas ao grupo político de JK.
O espírito da corrupção no governo JK, era tão forte, que foi suficiente para que Jânio Quadros chegasse ao poder usando como campanha o símbolo da “vassoura”, cuja campanha encabeçava promessa de acabar com a corrupção. A ideia de que o vício da corrupção estava impregnado ao Estado, embandeirou a ditadura militar com a promessa de derrota ao comunismo e combate à corrupção, o que naturalmente não prosperou devido a incompatibilidade de tal sistema principalmente no que se refere a censura e falta de liberdade de ação dos cidadãos. Seria a essência da democracia, o combate à corrupção? Não. A democracia persegue o interesse público, a busca pela igualdade de liberdade dos homens sendo este inclusive tolerante e passivo de corrupção por defender a liberdade de ação.
Diante disso podemos então pensar que os casos de corrupção no Brasil não aumentaram, mas sim a transparência das informações e a percepção das pessoas e consequente participação da sociedade brasileira no combate à corrupção devido a liberdade de ação e expressão.